Publicado hoje, no Jornal do Comércio a coluna ‘Trabalho’ revela um pouco mais sobre os inovadores “Empregos Verdes”.
Confira na íntegra a matéria e os links com mais notícias relacionadas, também publicadas hoje, no JC RS.
Procura-se um lugar ao verde
Por Luana Fuentefria (matéria especial para o JC)
Eles são aproximadamente 2,6 milhões, ou 14%, dos postos de trabalho formais no País. Não pertencem a uma atividade econômica específica, porém, a sua relevância lhes rendeu designação própria: empregos verdes. O grupo, que abrange profissionais de diversas áreas, representa um segmento ainda novo, mas em constante ascensão. Tudo graças à exigência de um mercado preocupado com a imagem e o futuro do planeta na era da sustentabilidade.
Cada vez mais, empresas de diversas áreas e portes agregam ao quadro de funcionários pessoas que, direta ou indiretamente, trabalham como protagonistas na preservação e manutenção do meio ambiente. O relatório publicado em 2009 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra um aumento pequeno, porém constante, da oferta desse tipo de emprego. As taxas de crescimento de postos oferecidos por essas atividades têm se mantido acima das dos empregos formais em toda a economia.
Apesar dessa ascensão, o vice-presidente de sustentabilidade da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Ézio Rezende, afirma que no Brasil essa busca é pouco significativa, o que deve ser revertido em longo prazo, quando as empresas terminarem de se reestruturar em relação ao tema. “Estamos ainda fechando um processo de conscientização e começando a olhar para fora”, aponta. Ele lembra da mudança de paradigma nos processos de seleção, que da prioridade ao QI (quociente de inteligência) dos candidatos passou a considerar o chamado QE (quociente emocional). O próximo passo, já verificado em várias instituições, é a percepção da inteligência ecológica de quem concorre a um posto de trabalho.
A pouca qualificação dos profissionais, no entanto, é um entrave mesmo para as poucas vagas existentes. A oferta de especializações é a alternativa para os interessados na área, já que são poucas as faculdades que oferecem uma formação em sustentabilidade na graduação. O curso de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) foi um dos poucos que apostou na tendência. Desde a inserção do assunto no seu projeto pedagógico, em 2005, a instituição aumentou em 100% as vagas para a graduação devido ao aumento do interesse pelos estudantes. O tema é abordado nos oito semestres de duração do curso em matérias como Desenvolvimento Social Sustentável e Economia da Sustentabilidade.
“Estamos começando a caminhada no meio acadêmico de forma tímida. O que mais vemos são seminários e atividades extracurriculares”, avalia Rezende. A fundadora e diretora-técnica da Arcadis Tetraplan, Lídia Biazzi Lu, que percebe na sua empresa de consultoria ambiental essa dificuldade em processos de seleção, esclarece que somente a demanda no mercado tem a capacidade de criar novas especializações acadêmicas. A solução encontrada pela Arcadis é a capacitação interna. Mesmo sem terem algo específico no assunto, ela garante que não faltam vagas aos interessados. “É um trabalho interessante e politicamente correto”, justifica a diretora.
Porém, para chegar a esse patamar, é preciso mais do que interesse. Conforme Rezende, um profissional verde deve ter uma visão mais sistêmica e ampla do mundo, a fim de reinventar o processo de trabalho. Soma-se a isso a criatividade, a disposição de se renovar e a facilidade de liderar e comunicar. “São pessoas que, por essa visão e comprometimento com o que está em volta, acabam por se posicionar da mesma forma em suas atividades na empresa. Além disso, ele acaba por contemplar mais aspectos que um profissional comum”, esclarece.
Uma das primeiras empresas a anunciar uma vaga no Green Jobs (portal que, desde o início do ano, permite que empresas brasileiras divulguem vagas na área), a Arcadis Tetraplan agrega as mais diversas áreas de atuação como geólogos, biólogos e mesmo historiadores e sociólogos. Todos apresentam um perfil em geral jovem e de formação multifacetada, com flexibilidade suficiente para se dividirem entre o escritório e a caatinga.
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Fonte: Jornal do Comércio (04 de junho de 2010)
Fotos: Divulgação Stock
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